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Brasil cria 242 mil vagas formais em fevereiro, queda de 32% em relação ao mesmo período de 2022

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De acordo com dados divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência, em fevereiro foram abertas 241.785 vagas de trabalho com carteira assinada no Brasil, resultado de 1.949.844 contratações formais, ante 1.708.059 demissões.

Entretanto, houve queda de 31,6% se comparado com fevereiro 2022. No mesmo período do ano passado foram geradas 350 mil novas oportunidades de emprego no País. Para Volney Gouveia, gestor do curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e gestor adjunto da Escola de Gestão e Negócios da USCS, essa queda tem relação direta com o período de pós-festas e férias.

“Diversos setores, notadamente o de serviços, emprega muitos trabalhadores com contrato precário, aquele contrato por tempo determinado, os chamados temporários. Então, via de regra, nos meses de dezembro e janeiro esses trabalhadores são mais ativados e eles acabam de alguma maneira inflando as estatísticas de emprego, aumentando o número de pessoas ocupadas”, justifica o especialista

“O segundo elemento é que tem havido estagnação estrutural do mercado de trabalho e sua capacidade de gerar novos empregos em um cenário econômico adverso, de incerteza, de dúvidas, de período de economia internacional um pouco mais conturbada, o que acaba de certa maneira tirando o otimismo das empresas, do empresariado. Em terceiro, existe um elemento associado à política econômica do governo. Nós estamos em uma realidade posterior à aprovação de uma legislação trabalhista, que de alguma maneira flexibilizou muito os contratos de trabalho, acelerando a chamada pejotização, diminuindo a capacidade do mercado de trabalho de absorver trabalhadores sob o contrato formal de trabalho, a chamada carteira assinada”, complementa.

Desse total, 116.474 representam homens e 125.311, mulheres. A faixa etária com maior saldo foi de 18 a 24 anos, com 110.844 colocações no mercado de trabalho. Em relação à escolaridade, do total de alocados ou realocados em fevereiro, 146.084 possuem o ensino médio completo. Ainda de acordo com o Caged, houve registro de geração de vagas nas cinco regiões do País. O Sudeste aparece na liderança, com aproximadamente 110 mil novos empregos, sendo o Estado de São Paulo responsável por 65.356 desses postos.

O setor de serviços é responsável pela maior parcela das vagas, com 164.200 postos, seguido, nessa ordem, por construção (22.246), indústria geral (40.380 – principalmente na indústria de transformação, com 37.190), e agropecuária (16.284). A maior parte das oportunidades (152,2 mil) é contemplada com salários que variam de 1 a 1,5 salário mínimo. O piso nacional é de R$ 1.302 e deve chegar a R$ 1.320 até o final de abril.

De acordo com o cientista econômico, há sinalização de que novas categorias e nova legislação possam ser adotadas para facilitar de alguma maneira a formalização de trabalho, mas sobretudo para garantir que o mercado de trabalho entre em nova dinâmica de geração de emprego, o que passaria necessariamente por revisão e mudança nos rumos da política econômica do País. 

“Um caminho para que revertamos o processo de estagnação do mercado de trabalho, de um lado é estabelecer política econômica que esteja orientada para geração de emprego, portanto, voltada para o crescimento econômico, processo que tem de vir acompanhado naturalmente de redução das taxas de juros, o que vai facilitar o crédito, que vai estimular as empresas a deslocarem seus recursos do mercado financeiro para o produtivo, ampliando, assim, as oportunidades de trabalho, emprego e renda. Esse cenário de ampliação da renda vai gerar um círculo virtuoso de maior consumo, seguido de maior produção, seguido de maior nível de emprego e, consequentemente, renda”, finaliza Volney.

O Caged informa, ainda, que existem no País 42,7 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o que representa alta de 0,57% em relação a janeiro deste ano.

Legenda da foto: Vagas criadas com carteira assinada no Brasil foram resultado de 1.949.844 contratações formais, ante 1.708.059 demissões

Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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